segunda-feira, 18 de julho de 2011

HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS



PARTE IV

KUNG FU


Wu-Shu significa "Artes Marciais" mas é mais conhecido no ocidente como Kung-Fu (Tempo de Habilidade).
Como uma arte tradicional, o Kung-Fu faz parte da grande herança cultural do povo chinês. Sua origem pode ser encontrada na pré-história, onde nossos ancestrais eram obrigados a lutar contra animais selvagens e outros homens, afim de garantir sua sobrevivência. No curso das lutas entre tribos eles vieram a compreender que, para derrotar um inimigo, deveriam não apenas ter boas armas mas também melhorar sua capacidade física e sua habilidade através de métodos de combate em intensivo treinamento nos tempos de paz. Isto levou ao desenvolvimento de várias artes marciais ao longo dos séculos e surgiram numerosas estratégias que enfatizavam a importância do Kung-Fu para a formação de um exército verdadeiramente forte. 
Na dinastia Han, o famoso médico Hoa-Tuo (falecido em 208 D.C.) que trabalhava nas províncias Shandong, Jiangsu, Henan, Anhui, era grande especialista em cirurgias e acupuntura, podendo assim tratar diferentes enfermidades. 
Por falta de anestésicos nas operações, os pacientes sofriam muito. Hoa-Tuo, em repetidos estudos que fez sobre ervas medicinais, obteve um anestésico para todas as operações. Mais tarde esse processo de anestesia se difundiu no Japão, Coréia, Arábia, África do Norte, sendo que somente após 1600 anos os ocidentais conseguiram um anestésico. 

Hoa-Tuo acreditava que os homens deveriam se exercitar com frequência para conseguir uma circulação normal e assim evitar enfermidades. Mais tarde, isso o levou a criar e projetar o famoso "Wan-Chin-Si", que significa o "Jogo dos Cinco Animais", que foram os primeiros exercícios medicinais da China. 
Eram sequências de movimentos que imitavam animais: Tigre, Cervo, Urso, Macaco e Pássaros;. Essas séries auxiliavam a tornar o corpo mais flexível e aumentar o apetite. Na dinastia Jim o Wu-Shu recebeu a influência do Budismo e do Taoismo.


A origem do Kung-Fu Shao-Lin 
Chuan-Shu significa Arte dos Punhos. O Shao-Lin Kung-Fu é assim chamado em virtude de ter sido criado no Mosteiro Shao-Lin nas montanhas Song, na jurisdição Deng-Feng da província Henan. Essas montanhas também são conhecidas como Montanhas Centrais por estarem localizadas no centro da China. 
Em 495 D.C. um monge indiano chamado Ba-Tuo veio à China pregar o Budismo como um devoto da seita. O imperador Yiao-Wen mandou construir um monastério para o monge visitante nas montanhas de Shao-Lin. O monastério foi construído no lado sombrio da cadeia de montanhas Shao-Lin, que compõem um dos lados de Song-Shan. O monastério Shao-Lin teve uma história turbulenta e foi afetado por incêndios durante 3 guerras. O 1º incêndio foi na dinastia Sui, o 2º na dinastia Qing e o 3º foi o mais catastrófico, que destruiu o Templo e valiosos documentos que relatavam o estudo e o desenvolvimento do Kung-Fu Shao-Lin.
As estruturas arquitetônicas que sobreviveram ao fogo foram: a entrada da frente, o salão de convidados, o pavilhão de Ta-Mo, o salão do manto branco, a câmara dos 1000 Budas e a floresta de pedra. Não há evidências de quem criou o Kung-Fu e nem de quando foi criado. Algumas pessoas falam que esta Arte Marcial Shao-Lin iniciou-se antes de Ta-Mo. Atualmente, estudiosos compartilham a idéia que a origem do Shao-Lin Kung-Fu não deve ser atribuída a uma única pessoa e sustentam que o Wu-Shu de Shao-Lin foi criado no mosteiro ao longo dos anos com base em formas antigas. 
O Shao-Lin Kung-Fu serviu para propósitos militares na dinastia Tang: o primeiro imperador Tauzontg pediu auxílio aos monges do Mosteiro Shao-Lin para combater Wang-Shichong, que queria estabelecer um regime separado. Trabalhando em conjunto com as tropas imperiais, os monges guerreiros capturaram vivo Wang-Shichong. Treze deles foram condecorados por serviços prestados, incluindo Tan-Zong que recebeu o título de general e, além disso, uma certa quantia de terras na China e apoio de treinamentos. Em seu apogeu, Shao-Lin contava com 5 mil guerreiros que treinavam os exercícios do Shao-Lin Kung-Fu com mãos vazias, práticas respiratórias, de montaria e combate com armas. De fato tornaram-se um tipo de destacamento especial do Exército Imperial Chinês. 
Durante a dinastia Sui (589/618), foi instituido um rigor ainda maior para os treinamentos dos monges Shao-Lin, com o objetivo de evitar que o Shao-Lin Kung-Fu fosse utilizado de forma a prejudicar alguém. 
Na dinastia Tang (618/906), os monges Shao-Lin obtiveram grande prestígio, graças aos serviços prestados ao imperador, fundador da dinastia Bon. O acontecimento mais notável foi a vitória alcançada pelo monge Shao-Lin Tan-Ching frente ao general rebelde. Como agradecimento, o imperador doou extensos de lotes de terra para o monastério. 
O período que sucedeu a queda da dinastia Tang foi de grande importância para o desenvolvimento do Kung-Fu. Este período, denominado "5 dinastias e 10 estados", surgiu quando Chao-Kuang-Win, um mestre de Kung-Fu famoso por sua invencibilidade, fundou a dinastia Song (906/1279). 
De 1280 a 1378 os mongóis dominaram a China e Kubulaw-Khan, neto de Gengis-Khan, fundou a dinastia Yuan. Num período de grande instabilidade social, os feitos de Pien-Tam, um monge Shao-Lin, deixou para sempre registrado na memória de seu povo o fato de salvar seus conterrâneos dos bárbaros na região sudeste do país. Durante a dinastia Ming (1638/1644) um monge Shao-Lin de nome Kwok-Yuan, juntamente com os mestres Pai-Yu-Fong e Li-Cheng, combinaram seus conhecimentos para caracterizar os movimentos do Dragão, Tigre, Leopardo, Serpente e Garça.
Posteriormente estas técnicas foram ensinadas aos monges do templo. Em 1623 os manchus invadiram a China, fundando a dinastia Ching (1644/1902). Muitos chineses, temendo por suas vidas, refugiaram-se no templo Shao-Lin e lá organizaram uma forte resistência contra os invasores. Desta forma, temendo por uma revolução, o governo invasor através de um monge traidor incendiou o templo Shao-Lin, logo após ter envenenado a água do templo de onde conseguiram fugir 5 das mais importantes personalidades do Mosteiro: a monja Ng-Mui; o monge Gie-Sin; o monge Pak-Mei; e os mestres Mui-Him e Fung-To-Tak. Essas pessoas expandiram o Kung-Fu para o Sul da China. Com a proclamação da república, as artes marciais já ensinadas em toda a China adquiriram grande prestígio. 
Em 1948 o líder comunista Mao-Tse-Tung tomou o poder e muitos mestres de Kung-Fu, descontentes com o regime, partiram para Taiwan e Hong-Kong. Atualmente na China o Wu-Shu competitivo é mais enfatizado. 
Não obstante, a prática tradicional da arte marcial chinesa tem sido preservada, mas em escala reduzida. Em Taiwan e Hong-Kong a prática tradicional do Shao-Lin Kung-Fu têm sido mantido em alta escala. 

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